Paulo Clemente, empresário e dono de talhos, foi ao carro buscar duas armas e atirou contra 15 pessoas. Tiros motivados por protestos durante partida.
Vai aguardar julgamento em prisão preventiva o suspeito de ter matado uma pessoa e ferido outras três, após um torneio de sueca, domingo à noite, em Tuizendes, freguesia de Torgueda, concelho de Vila Real.
Após ser interrogado, na segunda-feira, no Tribunal de Vila Real, Paulo Clemente, 47 anos, ficou sujeito à medida de coação mais grave, por estar indiciado de um crime de homicídio qualificado consumado e três crimes de homicídio qualificado na forma tentada.
Segundo apurou o JN, após desentendimentos ocorridos dentro do edifício onde decorria o torneio de sueca - organizado pelo Grupo Unidos de Tuizendes -, o alegado homicida terá ido ao carro buscar duas pistolas, dirigiu-se a um grupo de 15 participantes oriundos de Felgueiras e disparou várias vezes contra eles.
Paulo Clemente é um empresário, natural de São Miguel da Pena, Vila Real, mas que reside há vários anos em Sabrosa. Possui vários talhos na região, é casado e tem dois filhos adolescentes.
Vítima gostava de borgas
A vítima mortal é Luís Matos, solteiro, 50 anos, residente em Felgueiras e que adorava conviver com os amigos. António Viana, um dos seus melhores amigos, estava ainda incrédulo com o desfecho do torneio de sueca. "Gostava destas borgas, de estar sempre rodeado de gente e morreu assim, sem motivo", disse ao JN.
Luís tinha completado há dias os 50 anos e foi com amigos festejar. Entre eles, António: "No dia 15, estivemos a festejar o aniversário, ele faz a 11 e eu a 13. Fomos jantar com uns casais amigos e ele levou a namorada. Ele gostava muito de conviver com os amigos. Era um bom amigo, sempre disponível", recordou.
Luís Matos era nesta altura subgerente da agência de Fafe da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo. Apesar de não ter filhos, era muito importante para duas crianças. "Era um suporte familiar, já que o irmão faleceu há cerca de 15 anos e ele era o apoio para os sobrinhos", sublinhou o amigo António.
Outras três pessoas, de 44, 46 e 54 anos, sofreram ferimentos graves, e um deles corre ainda risco de vida.
Testemunho
Para vocês tenho isto aqui...
O grupo alvejado costuma juntar-se na Adega do Capacete, em Felgueiras. O dono, Carlos Lemos (na foto), também estava a jogar em Vila Real e contou a sua versão. "Disseram que não podia fazer uma jogada que eu já tinha visto vários jogadores a fazer. Disse que não jogava mais, houve troca de palavras e esse senhor que disparou meteu-se na conversa", recordou. Já cá fora, a tragédia. "O tal senhor disse: "para vocês tenho isto aqui...", e começou a disparar contra todos do nosso grupo". Carlos acabou por escapar com muita sorte. "O atirador passou de carro, parou, disse que me ia matar e disparou duas ou três vezes. Não sei como não me acertou", contou ao JN.