Esta segunda-feira, na noite anterior ao termo do prazo para transitar em julgado a decisão do Tribunal Constitucional que o deverá levar à prisão, Armando Vara disparou em todas as direções.
Em entrevista à TVI, o ex-ministro acusou a atual ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, de o ter tramado, o juiz Carlos Alexandre de agir por vingança, por não o ter ajudado a chegar a diretor do Serviço de Informações e Segurança (SIS), e ainda de um procurador do Face Oculta querer "fazer carreira" com a sua condenação. Os elementos da família Marques Vidal, da ex-procuradora-geral da República Joana Marques Vidal e do irmão João Marques Vidal, procurador em Aveiro, também não escaparam às críticas ao serem apelidados de "uma espécie de príncipes da magistratura".
"[A minha condenação] foi um erro judicial, porque os juízes deixaram-se influenciar por uma tremenda máquina de propaganda do Ministério Público (MP) e por toda a pressão que alguns órgãos de comunicação social foram fazendo. Foi-se empurrando com a barriga e ninguém leu verdadeiramente [o processo]. O acórdão do Tribunal da Relação é um copy-paste do acórdão de primeira instância", frisou.
Assegurando que foi "condenado sem provas", Armando Vara sustentou ainda que "o sistema judicial foi pressionado por um grupo que tomou o poder do MP e que tem uma agenda política". "Desde o início que isto foi uma perseguição do MP, à qual se juntou o juiz Carlos Alexandre. A instrução do Face Oculta é uma aberração", defende o ex-governante condenado a cinco anos de prisão.
Ainda na entrevista ao canal de televisão, Armando Vara voltou a garantir que irá entregar-se numa cadeia, que ainda não escolheu, mal o processo chegue ao Tribunal de Aveiro. Não confirmou, porém, que se entrega esta terça-feira em Évora. "Há um tribunal que decidiu que tenho uma dívida a pagar à sociedade e eu quero pagar essa dívida", afirmou. Quando estiver em reclusão, avançou, irá "ler muito", rezar por ele próprio e envolver-se em algo útil para todos.