O ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, desvalorizou as agressões ao técnico Jorge Jesus no ataque à Academia de Alcochete, segundo o interrogatório do juiz Carlos Delca, revelado esta sexta-feira à noite pela RTP.
O ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho desvalorizou as agressões ao técnico Jorge Jesus no ataque à Academia de Alcochete, durante o interrogatório do juiz Carlos Delca, ocorrido aquando da sua detenção, no passado dia 11 e revelado na sexta-feira em áudio, pela RTP, no programa "Sexta às 9".
"Estive no balneário do treinador e digo-lhe que deve ter sido uma vergastada muito levezinha, pois o Jesus não tinha mazela nenhuma. Falou da camisola do Mário Monteiro, mas não pode ter recebido com tocha no peito, nem um furinho tinha na camisola. Tirando o Dost, mais alguém foi ao hospital mostrar alguma coisa? Acho tudo estranho", explicou Bruno de Carvalho no interrogatório perante o juiz, no Tribunal do Barreiro, enquanto detido por suspeitas de ter sido o autor moral das violentas agressões de que foram vítimas os futebolistas do Sporting, perpetradas por dezenas de elementos da claque Juve Leo.
Rejeitando responsabilidade no brutal episódio de 15 de maio, o ex-dirigente leonino garante que foram retiradas medidas de segurança na Academia sem a sua autorização, tal como a existência de duas portas de vidro que exigiam a passagem de um cartão para abertura.
"Medalha" para presos
Bruno Carvalho censurou os atos dos 38 indivíduos que ficaram presos: "Para eles, é uma medalha. Para mim, foi a destruição da minha vida. Isso não faz lógica nenhuma. E sobretudo, deixe-me dizer, partir a cabeça ao goleador do Sporting quando estávamos na véspera de um jogo... Tudo menos o Bas Dost".
Também se referiu aos futebolistas Rui Patrício e William, que "queriam sair há muito tempo". "Eles tinham almoços e jantares regulares com a Juventude Leonina. Não eram nenhuns santos", frisou, assegurando que ele próprio só jantou com a claque na festa de Natal e aniversários. "A única vez que a claque entrou dentro da Academia, foi Jorge Jesus que deixou entrar. Disse que não: "Jorge, aqui não manda nada"", garantiu.
Bruno de Carvalho foi detido a 11 de novembro e saiu em liberdade dia 15, mediante apresentações diárias às autoridades e o pagamento de uma caução de 70 mil euros. O mesmo aconteceu com Nuno Mendes ("Mustafá"), líder da claque Juve Leo.
O juiz do tribunal de instrução validou os crimes de que são acusados o ex-presidente do Sporting e o líder da Juve Leo: 20 crimes de ameaça agravada, 12 crimes de ofensa à integridade física qualificada, 20 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, dois crimes de detenção de arma proibida e um crime de terrorismo.