Os dois dirigentes dos partidos que integram a coligação governamental italiana disseram esta terça-feira que querem manter o plano orçamental de Itália para 2019, apesar da sua rejeição por Bruxelas.
"Isso não muda nada, esses senhores da especulação podem ficar tranquilos, não recuamos", declarou o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, líder da Liga (extrema-direita) e homem forte do Governo de coligação com o Movimento Cinco Estrelas (populista), em declarações aos jornalistas na Roménia.
"Não estão a atacar um Governo, mas um povo. São coisas que deixam os italianos ainda mais irritados e depois queixam-se que a popularidade da União Europeia está a baixar", acrescentou.
O líder do Movimento Cinco Estrelas, também vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, reagiu na rede social Facebook.
"É o primeiro orçamento italiano que não agrada à UE. Isso não me surpreende: é o primeiro orçamento italiano redigido em Roma e não em Bruxelas", escreveu.
"Vamos continuar a dizer à comissão o que queremos fazer, com respeito. Mas o mesmo respeito impõe-se em relação ao povo italiano e ao governo que o representa atualmente, acrescentou.
A Comissão Europeia rejeitou hoje o plano orçamental de Itália para 2019 e deu ao Governo italiano três semanas para apresentar um novo orçamento.
A Itália é o primeiro país a ver o seu projeto orçamental 'chumbado' pela Comissão Europeia desde a implementação do "semestre europeu" de coordenação de políticas económicas e orçamentais, instituído em 2010.
"É com muita pena que estou diante de vocês hoje, porque hoje, pela primeira vez, a Comissão vê-se obrigada a pedir a um país da zona euro para rever o seu plano orçamental. Não encontrámos outra alternativa senão pedir às autoridades italianas que o fizessem. Damos agora um prazo máximo de três semanas à Itália para apresentar uma nova proposta", disse o comissário responsável pela pasta do Euro, Valdis Dombrovskis, aos jornalistas em Estrasburgo.