Mais de 90% dos eleitores que participaram no referendo deste domingo na Macedónia aceitaram que o país passe a ser a República da Macedónia do Norte, segundo resultados da comissão eleitoral.
Após a contagem de 43,57% dos boletins de voto, o "sim" ganha com 90,72% dos votos, contra 6,26% para o "não".
Segundo os últimos números disponíveis relativos à participação do eleitorado, a abstenção foi elevada. Mais de dois terços dos eleitores não tinha votado meia hora antes do fecho das mesas de voto, às 19 horas (17 horas GMT).
"Mais de 90%" dos eleitores aprovaram por referendo este domingo o acordo com a Grécia que visa mudar o nome da Macedónia e o Parlamento deve "confirmar a vontade da maioria", disse à AFP o primeiro-ministro Zoran Zaev, depois de terem sido conhecidos os primeiros resultados.
O referendo é consultivo e deve ser validado por uma maioria de dois terços dos deputados.
Contudo, o chefe do Governo social-democrata e os seus aliados dos partidos da minoria albanesa não dispõem dessa maioria.
A participação hoje no referendo sobre a mudança de nome da antiga república jugoslava da Macedónia foi muito fraca até metade do período de votação, tendo votado 16% dos 1,8 milhões cidadãos com direito a voto, segundo dados oficiais, revelados durante a tarde.
De acordo com o presidente da Comissão Eleitoral Estatal, Oliver Derkoski, citado pela agência noticiosa espanhola EFE, aqueles dados correspondiam à votação realizada até às 13 horas locais (12 horas em Portugal continental).
À parte disso, a jornada eleitoral estava a decorrer sem problemas de maior, assinalou na altura Derkoski.
Nas últimas eleições efetuadas no país, as municipais de 2017, a participação eleitoral à mesma hora era de 27,30%.
Segundo a Constituição da Macedónia, o resultado do referendo só será válido se reunir 50% do eleitorado, o que se traduz em cerca de 903.000 votos.
As previsões são de que a participação fique abaixo dos 50%.
Apesar da votação só ter um caráter consultivo, no caso de o referendo não alcançar os índices de participação mínima para ser considerado válido, o Governo terá uma tarefa difícil em convencer o parlamento a aprovar a emenda constitucional, para mudar o nome do país.
O principal partido da oposição, a aliança conservadora VMRO-DPMNE, informou que o seu líder, Hristijan Mickoski, se abstém de votar, porque considera a pergunta do referendo "manipuladora".
A pergunta em consulta não aludia diretamente ao nome final que adotará esta antiga república jugoslava, em caso de superar o processo de ratificação, ou seja, República da Macedónia do Norte, mas pede aos votantes que digam se apoiam ou não a integração na União Europeia e a NATO, assim como se aceitam o acordo entre a República da Macedónia e a Grécia.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros macedónio e grego, Nikola Dimitrov y Nikos Kotzias, assinaram um acordo, em junho, para que se utilize o nome "Macedónia do Norte", tanto a nível nacional como internacional, fechando assim um conflito aberto sobre a designação deste país balcânico desde que se tornou independente da Jugoslávia, em 1991.
A concretização do acordo abrirá caminho para a integração do país na UE e na NATO, que tem sido obstaculizado pela Grécia, que tem pretensões territoriais do país vizinho sobre a região homónima do norte da Grécia.