Espanha não vai reclamar a soberania de Gibraltar nas negociações com o Reino Unido sobre o futuro da colónia britânica, no âmbito do Brexit, afirmou esta quinta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Josep Borrell.
O governante espanhol (socialista) sublinhou que esta posição não representa "qualquer renúncia" sobre a reivindicação histórica de Espanha para recuperar o controlo do 'Rochedo', mas considerou que o diálogo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia não é o quadro adequado para esta discussão.
"Não está nos objetivos deste ministério nas negociações sobre Gibraltar a questão da soberania", disse Borrell, numa audição na comissão de Negócios Estrangeiros do Congresso, respondendo a perguntas do porta-voz do PP, José Ramón García Hernández, sobre a posição do executivo socialista sobre a colónia britânica, no sul de Espanha.
Para o chefe da diplomacia espanhola, Gibraltar não pode ser "o último obstáculo no caminho para o acordo do 'Brexit'" e o objetivo deveria ser que se tratasse do "primeiro passo" para esse pacto.
O governante recordou a pretensão do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros José Manuel García-Margallo (PP) de "erguer a bandeira de Espanha sobre o Rochedo" no âmbito das negociações para o 'Brexit'.
"Sou mais modesto. Hoje estamos onde estamos, a negociar o que negociamos", acrescentou o ministro, que confessou estar "muito mais" preocupado com as condições socioeconómicas do Campo de Gibraltar.
Borrell apontou, entre as preocupações, a pesca, a alfândega, o contrabando de tabaco, o aeroporto ou a saída e entrada de trabalhadores espanhóis.
O ministro considerou que a colónia "não pode ser o terceiro território com o rendimento mais elevado do mundo" e rodeada por "uma planície de subdesenvolvimento", numa alusão ao Campo de Gibraltar, onde, referiu, "começa a haver problemas sérios de tráfico de drogas, contrabando e instabilidade social".
"Temos de responder a este problema e creio que estamos a fazê-lo", disse.
O porta-voz do PP lamentou que o Governo espanhol não queira aproveitar a negociação do 'Brexit' para reclamar a devolução da soberania sobre o território.
"Hoje sobe a bolsa em Londres, com as declarações que fez", criticou García Hernández.