A Itália quer que os migrantes resgatados no mar Mediterrâneo sejam acolhidos de forma rotativa por diversos portos europeus, foi avançado esta quarta-feira pela ministra da Defesa italiana, Elisabetta Trenta.
A proposta do executivo de Roma será apresentada durante uma reunião informal dos ministros da Defesa da União Europeia (UE), que decorre esta quarta e quinta-feira em Viena, Áustria.
Tal medida implicará uma mudança das atuais normas da operação naval da UE contra as redes de traficantes e de resgate de migrantes no mar Mediterrâneo, lançada em 2015 e designada como "Sophia".
"Amanhã [quinta-feira], durante a reunião informal de ministros da Defesa da UE em Viena, vou levar em nome do Governo italiano uma proposta de alteração das regras da missão 'Sophia' no que diz respeito ao porto de desembarque", escreveu a representante numa mensagem na rede social Facebook, citada pela agência noticiosa francesa France Presse (AFP).
"A proposta visa conseguir uma rotatividade dos portos de desembarque, ou seja, o nosso objetivo é garantir que Itália não seja o único país responsável pelo problema, mas também os outros Estados membros", precisou uma fonte do Ministério da Defesa italiano, também citada pela AFP.
A operação naval europeia "Sophia", atualmente sob comando italiano, prevê, até à data, que todos os migrantes resgatados ao abrigo desta missão sejam levados para um porto italiano.
"Consideramos este princípio inaceitável e queremos a sua revisão", prosseguiu Elisabetta Trenta.
"Amanhã [quinta-feira], a bola estará do lado da UE: ao aceitar a nossa proposta terá a oportunidade de mostrar que é uma verdadeira comunidade, ao recusar estará a negar os seus próprios princípios", concluiu a ministra italiana.
Segundo o diário italiano La Stampa, a proposta de Roma prevê uma rotatividade de portos "de diversos países da UE com costa mediterrânica: França, Espanha, Malta e Grécia" de forma a organizar o desembarque dos migrantes resgatados.
O jornal referiu ainda que a proposta italiana prevê que França e Espanha sejam "chamados a colaborar mais do que os outros".
A atual coligação governamental italiana, que tomou posse no passado dia 01 de junho e que integra o partido de extrema-direita nacionalista Liga e o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista), tem adotado uma linha dura em matérias relacionadas com as migrações.
Em Viena, Portugal está representado pelo ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes.