Nos últimos dias aumentaram significativamente na Venezuela as já tradicionais filas de cidadãos para comprar arroz, massa, leite e ovos, entre outros produtos que escasseiam, obrigando tanto cidadãos nacionais como estrangeiros a gastar mais tempo para se abastecerem.
"Ontem (sábado) estive aqui, na fila para comprar e não consegui nada. Cheguei pelas 9 horas e às 16.30 ainda havia algumas dezenas de pessoas à minha frente pelo que tive que abandonar a fila e ir para casa, muito contrariada, porque não consegui comprar nada", disse à agência Lusa uma portuguesa.
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Lourdes Correia, de 60 anos e residente em Los Cedros (Caracas), disse que além de arroz, massa, leite e ovos, precisa de sabão em pó, maionese, açúcar, farinha de milho pré-cozida e café, produtos que pensa partilhar com uma filha que vive em Arágua (100 quilómetros a oeste de Caracas), onde, segundo explicou "é ainda mais difícil conseguir as coisas".
Este domingo, na fila do Supermercado Maturín, reencontrou-se com Celeste Batista, uma outra portuguesa com quem sábado conversou várias horas e de quem ouviu apenas queixas da situação no país "da falta de soluções políticas para a crise e a falta de abastecimento".
"Pouco depois de ela ter ido embora, estavam aqui umas 400 pessoas na fila. Queriam entrar à força no supermercado e os seguranças tentavam conter a pressão das pessoas. Foi necessária a intervenção da Guarda Nacional (polícia militar) que disparou vários tiros para o ar. Foi uma coisa de susto. Todos corremos e eu caí e esfreguei um braço", explicou à Lusa Celeste Batista.
Com 45 anos de idade, doméstica, e mãe de três crianças, Celeste Baptista desabafou que não tem massa suficiente em casa e que se lhe acabou o arroz.
"Tenho que conseguir comprar algo para casa", salientou, acrescentando que ainda tem alguns ovos no frigorífico.